São Fco.
sábado, 17 de novembro de 2012
Nova ARENA em 2012
(na foto ao lado, o último líder da velha ARENA, ao lado de uma menina que não deve ser favorável à Nova ARENA)
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Muitos ficaram surpresos com a notícia de que a ARENA havia sido refundada.
A Aliança Renovadora Nacional, partido de situação no bipartidarismo imposto nos anos de ditadura militar, parecia relegada às páginas amareladas da história brasileira.
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Na verdade, não se pode dizer que a ARENA tenha desaparecido por completo. Ela deixou imediatamente dois "filhos" diretos, o PDS (depois PPB, depois PP) e o PFL (depois DEM). O PFL gerou uma dissidência há dois anos que não é mera troca de pele, o PSD de KASSAB.
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Um ressurgimento da ARENA não deve necessariamente ser acolhido com espanto. Na verdade, sua ressurreição pode mesmo, por incrível que pareça num primeiro momento, saudável à democracia brasileira.
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Falo a partir do pensamento de Chantal Mouffe. Esta autora lembra que é fundamental o conflito num democracia. Quando no jogo democrático não se contrastam com clareza discursos e práticas diferenciadas, o risco é que as posições políticas que não se sintam representadas não se situem agonicamente no jogo democrático, mas antagonicamente contra a própria democracia.
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Este risco está, na minha opinião, presente no horizonte brasileiro. Primeiro se deve observar as últimas eleições nacionais. Candidatos de direita, em especial de direita autoritária, não têm tido espaço nas disputas presidenciais. As últimas eleições trouxeram sempre (e eu pessoalmente não acho isso ruim) lideranças que estiveram contra a ditadura militar (FHCxLula; FHCxLula; LulaxSerra; LulaXAlckimin; DilmaxSerra).
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O segundo fato que aponta este risco foi a criação do PSD. Criado, nas palavras de seu fundador, como um partido nem de direita, nem de centro, nem de esquerda, o PSD surgiu para ser o PMDB do B, ou seja, se posicionar no centro, sendo governo independentemente de quem for o partido detentor do poder executivo federal. Olhe bem, em nome do pragmatismo governista/patrimonialista uma ala importante do ex-PFL fez movimento para aderir ao governo do PT! Não espanta (porque mais que de direita este pessoal é mesmo situacionista: "hay gobierno, soy a favor! qual o meu cargo mesmo?"), mas assusta sim ver Jorge K. Bornhausen, justo ele que queria eliminar "esta raça", aderir ao governo desta mesma raça petista.
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Então, se a nova ARENA possibilitar o ressurgimento de um grupo político que enuncie na praça democrática suas ideias conservadoras, que representam uma parcela (espero pequena) da população brasileira, isso será bom para a democracia nacional de modo geral, pois a torna mais representativa e será menos provável o desejo de subvertê-la em nome de alguma coisa.
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A direita brasileira restou nas maos de um combalido DEM em conjunção com um PSDB serrista que descambou para o fundamentalismo religioso "ad hoc", sem programa. O PPS, pasmem, é uma linha auxiliar deste posicionamento. Que a nova ARENA possa representar uma direita inteligente, laica e democrática.
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P.S.: acusar a moça fundadora da NOVA ARENA de incoerência por ser beneficiária do PROUNI é patrulhamento ideológico. Equivaleria a aceitar como válida uma crítica aos esquerdistas que não utilizassem o SUS quando doentes, ou rejeitar que possam haver empresários de esquerda. Já superamos esta fase, creio.
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