São Fco.

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terça-feira, 7 de junho de 2016

O esboroamento da política democrática

EStamos assistindo a um ataque direto ao arranjo político que governava o país desde 1988.

Hoje os jornais deram a bomba que suplantou todas as anteriores (se isso fosse possível): o PGR pediu a prisão de Sarney, Calheiros, Jucá e Cunha. Nada menos, neste rol, que o presidente da Câmara suspenso pelo STF e o Presidente do Senado e do Congresso Nacional!

O que pareceu, de início, um mero processo de fragilização definitiva do governo progressista liderado pelo PT, agora toma ares definitivos de fragilização da própria política democrática, na medida em que o PGR pretende encarcerar de forma abusiva ( a alegação seria a de solapamento da "sagrada" operação "lava-jato" em comentários sobre alterações legais do instituto da delação premiada) lideranças políticas de alto escalão da República vigente.

De ensaio em ensaio, claramente se delineia a possibilidade de prisão de todas as lideranças, dos mais diversos partidos, num evidente movimento que ultrapassa a mera ratio e o mero tempo do direito, indicando, isso sim, o desejo evidente de se alcançar o butim maior: o poder na República brasileira.

Instituições sem legitimidade conferida e reiterada pelo escrutínio das urnas avançam sobre as lideranças democráticas, num processo que arrasta gostosamente os adversários de uns e outros, mas faz avançar o inimigo comum da democracia mesma, tão duramente edificada em bases sempre tênues nestes últimos 30 anos.

Tempos sombrios se avizinham da política brasileira, com o governo dos gênios do concurso público associados aos manipuladores da verdade midiática.

Não merecíamos isso!

Um comentário:

  1. A gente não sabe se comemora ou se critica os pedidos de prisão.

    Convenhamos, as lideranças políticas (especialmente os citados no texto) nunca se esforçaram para, ao menos, transparecer seriedade. Como diz Ciro Gomes, "aqui, os picaretas agem à luz do dia, sem o menor pudor".

    Importante ressaltar que a ascensão destas figuras (compreensivelmente detestáveis) ao poder, desde 1988, deve ser atribuída a um sistema político e eleitoral ineficiente, o verdadeiro cerne da questão e covardemente (ou convenientemente) não enfrentado pelo PT.

    Da mesma forma, não é novidade pra ninguém que o Congresso Nacional não representa como deveria os anseios da população e foge das questões centrais.

    Soma-se a isso, a amplificação que a imprensa dá aos casos de corrupção, tomando o todo pela parte, e conduzindo a opinião pública ao repúdio à classe política em geral.

    O que se vê no momento, é o poder de fato sendo deslocado do campo democrático (altamente imperfeito e desmoralizado) para um consórcio Poder Judiciário/Ministério Público, com ares de autoritarismo e com o amplo apoio da grande mídia.

    Aguardemos os próximos movimentos...

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