São Fco.

São Fco.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010



"O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência, nem mesmo o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por ele passsa indiferente".
Mário Quintana

Não fique indiferente ao Curso que muitas mãos levaram 15 anos para deixar assim. Dia 10/11 vote chapa 2.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A terceira coordenação


O Terceiro coordenador do Curso de Direito foi o professor Carlos Magno. Ele foi o primeiro coordenador eleito, juntamente com o prof. Dilvânio de Souza, no ano de 2001. Apenas uma chapa se habilitou para a eleição.

Durante os três anos da dupla, o Curso atingiu sua maturidade. 2001 foi o ano do reconhecimento. Com a estruturação das atividades de pesquisa na própria UNESC, o Curso foi iniciando uma trajetória de ter pesquisa e extensão constantes, além do ensino. Em 2003 o Curso publicou seu primeiro livro pela editora da UNESC, vinculado à temática profissionalizante do direito privado, “Direitos Reais no Código Civil de 1916 e no Código Civil de 2002, do professor e procurador federal Cláudio Teixeira de Oliveira.

Neste período os professores do mestrado UNESC/ACAFE/UFSC concluíram suas pesquisas, elevando a titulação docente de maneira significativa: 7 novos mestres de uma vez!

Foram muitos os eventos também, sempre com palestrantes de prestígio nacional/internacional. Cito dois, para exemplificar: José Eduardo Faria e Samuel Pinheiro Guimarães (foto acima), na época, um embaixador crítico da ALCA, hoje, o segundo no Itamaraty depois de Celso Amorim.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A segunda coordenação - Daniel Torres de Cerqueira (foto)


Daniel Torres de Cerqueira, pernambucano residente em Florianópolis para cursar o mestrado da UFSC, começou sua gestão numa realidade institucional novidadeira: a FUCRI recebera o selo de Universidade, com todas as suas prerrogativas. A luta de muitos anos, liderada pelo prof. Edson Carlos Rodrigues era coroada finalmente de pleno êxito.
Com a autonomia universitária conquistada, Daniel propôs imediatamente a primeira ampliação de vagas do curso de direito, absolutamente necessária para sua existência como projeto viável. Assim, passamos de 50 vagas anuais para duzentas, criado também o turno matutino a partir dali.

Numa época em que as coordenações de curso tinham plena autonomia, Daniel fez uma gestão de muitas realizações e atividades, consolidando o curso de Direito nos seus primeiros cinco anos de existência. Com a seleção a cada semestre de novos professores, feita cada vez mais por processos seletivos regulamentados pela UNESC, formou-se o grupo de professores adequado para um curso de direito de excelência: um bom número de mestres para as disciplinas teóricas e excelentes profissionais nas disciplinas do eixo profissionalizante, juntando os elementos necessários para uma formação de profissionais com visão crítica, exigência dos novos ventos democráticos.



O primeiro coordenador do EPJ foram os prof Luis Néri Pacheco dos Reis e Areti Hartenias Gaidzinski. Areti foi também a primeira Coordenadora de Monografias. Em seguida assumiu a coordenação administrativa do CPJ o professor Mauricio Rovere do Valle Pereira.

Desde o início, o estágio foi pensado como espaço para a prática jurídica qualificada e comprometida com a comunidade. Por isso, foram projetados os Gabinetes Avançados de Cidadania, hoje chamados de Casas da Cidadania. Ao invés de termos apenas um escritório modelo, a concepção era a de levar atendimento jurídico às diversas comunidades, em convênio com o TJSC e Prefeituras municipais.

Um momento inesquecível foi a inauguração do Centro de Cidadania. Depois de uma imensa articulação das forças sociais da cidade (dentro do contexto do Fórum permanente para o resgate das dívidas sociais, ligado à Pastoral Social da Igreja Católica), o antigo fórum tinha sido destinado para reunir diversos setores de atendimento ao cidadão, nosso estágio e salas para os movimentos sociais . Infelizmente, este projeto se perdeu, por motivos alheios à nossa vontade e da universidade.

Foi na gestão do prof. Daniel que pela primeira vez se falou em mestrado próprio em Direito. Ele contratou o prof. Dr. Lédio Rosa de Andrade, hoje Desembargador no TJSC, com esta finalidade, em acordo com a Reitoria da época. Celebrou-se, à época, convênio da UNESC com outras IES da ACAFE e o CPGD/UFSC para realização de um Mestrado Interinstitucional em Direito. Com apoio efetivo da UNESC, os professores Félix Hobold, Sérgio Graziano, Reginaldo Vieira, Clélia Silveira, Jacson Correa, Eládio Rocha e Jânio de Souza Machado ingressaram nesta Pós-Graduação.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

História do Curso de Direito da UNESC: primeira coordenadora


A autorização para funcionamento do Curso saiu quando nossa Instituição ainda não era Universidade. A FUCRI poderia dali por diante receber 50 alunos/ano de Direito (período noturno) e o momento em que a autorização foi publicada obrigou a Administração a fazer um vestibular especial, após a realização regular do vestibular de inverno da ACAFE. Por isso comemoramos o aniversário do Curso em 16 de setembro de cada ano, pois a primeira aula foi precisamente nesta data.

Quando o Curso de Direito foi criado, havia na Instituição apenas outros sete cursos. A expectativa gerada com a sua criação foi enorme, somente superada em termos simbólicos com o advento do Curso de Medicina e seu projeto radicalmente inovador.

As regras da FUCRI determinam que até a formação da primeira turma de um novo curso de graduação a Reitoria indique a Coordenação do Curso. Foi o que fez o professor Edson Carlos Rodrigues, reitor da época, que nomeou a professora Samyra Haideé Dal Farra Naspolini. Nascida em Criciúma, filha da professora da casa Maria Dal Farra Naspolini, Samyra havia concluído seu mestrado no CPGD/UFSC e retornou à cidade para instalar o novo curso.

A escolha de Samyra para a coordenação foi fundamental para que o curso consolidasse o perfil esperado pelas novas diretrizes curriculares e tivesse a “cara” que tem até hoje. Ela foi a pessoa certa, na hora certa, no lugar certo. Samyra plantou a semente.

Tal fato se deve principalmente à seleção dos docentes realizada pela coordenação nos primeiros momentos de existência do curso. Este passo inicial permitiu que aqui surgisse um curso que faz pesquisa e extensão em quantidade e qualidade difícil de encontrar em outros lugares, devido á tradição instalada nos outros cursos jurídicos.

Samyra ficou por aqui quase dois anos. Tinha como seu braço direito o professor Daniel Torres de Cerqueira, primeiro líder do NUPEC, núcleo criado na gestão da primeira coordenação. Samyra saiu da UNESC para cursar doutorado na PUC-SP e seu substituto, também nomeado pelo reitor, foi o prof. Daniel.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O contexto histórico do surgimento do Curso de Direito


O Curso de Direito da UNESC surgiu dentro de um contexto histórico nacional que precisa ser conhecido.

No início dos anos 80 do século passado, com o processo de redemocratização, percebeu-se necessário um amplo debate sobre o ensino jurídico praticado no Brasil. Com a OAB tendo papel de destaque, as reflexões indicavam a necessidade de novas diretrizes curriculares para os cursos de direito, adequados para a formação dos profissionais e cidadãos não mais de uma ditatura, mas de um regime democrático.

Resultado de amplos e exaustivos debates, surgem as novas diretrizes curriculares no último dia do último mês do último ano do governo Itamar Franco: a Portaria 1.886/94. Esta norma tinha como principais características: (1) propugnar visão crítica do egresso dos cursos de direito; (2) curso com mínimo de cinco anos de duração e carga horária mínima de 3700 horas ; (3) estágio de dois anos obrigatórios para todos os alunos, com obrigatoriedade de um Núcleo de Prática Jurídica; (4) monografia obrigatória; (5) exigência de atividades complementares como componente curricular (novidade que foi copiada depois por outros cursos); (6) valorização das disciplinas teóricas/propedêuticas; (7) exigência de biblioteca com mínimo de dez mil volumes atualizados.

Esta portaria tinha dois anos de vacatio legis e, portanto, entrou em vigor bem no ano de 1996, ano em que nosso Curso abriu sua primeira seleção para ingressantes da primeira turma. Ela representou a retomada de um currículo adequado para a educação jurídica numa sociedade democrática e nosso curso surgiu exatamente neste contexto, sendo um dos primeiros cursos plenamente adaptado às novas diretrizes.

Podemos lembrar a fala do prof. Dr. Edson Fachin (foto acima) quando aqui palestrou em nossa segunda semana acadêmica: de mais de 100 pedidos que tramitavam em Brasília, o da FUCRI foi um dos cinco aprovados naquele ano exclusivamente em virtude do seu projeto pedagógico.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

História do Curso de Direito da UNESC



Pré-história – a tentativa frustrada de criar um Curso de Direito em Criciúma

Em 1964 um grupo de lideranças locais tomou medidas concretas para a criação de um Curso de Direito em Criciúma. Por meio de lei municipal, a Câmara de Vereadores criava um Curso de Direito, aprovando currículo e até regimento para um futuro Centro Acadêmico. (na foto acima, o prefeito Arlindo Junkes que sancionou a lei que criou a primeira -frustrada - Faculdade de Direito de Criciúma)

Nesta etapa teve papel importante o Sr. Benedito Narciso da Rocha, depois homenageado como nome do Centro Acadêmico de Direito. Infelizmente para a cidade, as intenções não se fizeram concretas e o Curso de Direito local somente pôde se tornar realidade mais 40 anos depois.

Importante destacar que esta iniciativa antecipou a própria criação da FUCRI, que sabemos ser de 1968.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Eleições no Direito


Dentro de menos de um mês teremos eleições no Curso de Direito. É a terceira eleição para a função de Coordenador/Coordenador Adjunto, a primeira em que teremos duas chapas, fato a ser comemorado. Para se ter uma ideia contextualizada do que significa a disputa, haverá eleição simultaneamente em 7 cursos e somente no Direito, maior curso de graduação da UNESC, há duas chapas inscritas.

A eleição consistirá num debate sobre os rumos do Curso, dentro de duas concepções diferenciadas de projetos pedagógicos para a educação jurídica. Tratarei desta questão aqui mais adiante.

Por ora, indico para conhecimento os currículos "lattes" dos candidatos à cabeça de chapa, professores Graziano e Alfredo. O currículo "lattes" é o currículo oficial da academia brasileira, onde consta o que cada um de nós professores vem fazendo em termos de atividades universitárias. Boa leitura!

Não sou expert nessas coisas, por isso será necessário copiar o link e colar no campo do seu navegador. Se alguém puder me ensinar como fazer em forma de link, agradeço penhoradamente!

Currículo do prof. Alfredo: http://lattes.cnpq.br/5244374606276990

Currículo do prof. Graziano: http://lattes.cnpq.br/4714934113054282

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Mais e mais manipulação na Folha




Observem as fotos deste "post". Foram publicadas hoje na Folha de São Paulo. Numa delas, Dilma está em postura quase arrogante (parece estar de "saco cheio" de estar ali) enquanto seus acompanhantes estão contritos a fazer o sinal da cruz. Esta foto foi capa do jornal, onde se atinge um maior público, que inclui os que não comprarão o jornal e na versão Folha aberta na internet.

Na outra foto, Dilma está com semblante respeitoso, cabeça inclinada para baixo, lendo um papel (imaginamos que da missa, ou de cânticos) e faz um dos gestos rituais da missa católica. Esta foto está dentro do jornal, no caderno "Poder". Precisa dizer mais alguma coisa? É repugnante o que a mídia faz neste país.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

VLADIMIR SAFATLE - República Fundamentalista Cristã


Na Folha de hoje

"FUNDADA EM 31 de outubro de 2010 após a expulsão dos infiéis do poder, a República Fundamentalista Cristã do Brasil apareceu em substituição à República Federativa do Brasil. Dela, ela herdou quase tudo, acrescentando uma importante novidade institucional: um poder moderador, pairando acima dos outros Três Poderes e composto pela ala conservadora do catolicismo em aliança com certos setores protestantes. Os mesmos setores que, nos EUA, deram suporte canino a George W. Bush. A função deste poder moderador consiste em vigiar o debate político e social, impedindo que pautas de modernização social já efetivadas em todos os países desenvolvidos cheguem ao Brasil.

Na verdade, a fundação desta nova República começou após uma eleição impulsionada pelo problema do aborto. Procurando uma tábua de salvação para uma candidatura que nunca decolara e que passou ao segundo turno exclusivamente por obra e graça de Marina Silva, José Serra resolveu inovar na política brasileira ao instrumentalizar politicamente os dogmas mais arcaicos deste que é o maior país católico do mundo.

Assim, sua mulher foi despachada pelos quatro cantos para alertar a população contra o fato de Dilma Rousseff apoiar "matar criancinhas" (conforme noticiou um jornal que declarou apoio explícito a seu marido). As portas de seu comitê de campanha foram abertas para os voluntários da TFP, com seus folhetos contra a "ameaça vermelha" capaz de perverter a família brasileira através da legalização da prostituição e do casamento gay (conforme noticiou o blog do jornalista Fernando Rodrigues). A internet foi invadida por mensagens "espontâneas" contra a infiel Dilma e o PNDH-3.

José Serra já havia dado a senha quando afirmou, em um debate, que legalizar o aborto seria uma "carnificina". Que 15% das mulheres brasileiras entre 18 e 39 anos tenham abortado em condições indescritíveis, isto não era "carnificina". Carnificina, para Serra, seria o Brasil importar esta prática tão presente na vida dos "bárbaros selvagens" que são os ingleses, franceses, alemães, norte-americanos, espanhóis, italianos, ou seja, todos para quem o aborto é, pasmem, uma questão de saúde pública e planejamento familiar.

Confrontada com esta guinada, a "classe média esclarecida" não se indignou. As clínicas privadas que fazem abortos ilegais continuariam funcionando. O direito sagrado de salvar a filha de classe média de uma gravidez indesejada continuaria intacto. Para tal classe, o discurso sobre "valores cristãos" era apenas uma radicalização eleitoral.

Quando o poder moderador, confiante em sua nova força, começou a exigir que o criacionismo fosse ensinado nas escolas, que o Estado subvencionasse atividades de proselitismo religioso travestidas de filantropia, já era tarde. Então, alguns lembraram, com tristeza, dos pais fundadores da República Federativa do Brasil, decididos a criar uma república laica onde os dogmas religiosos não seriam balizas da vida social. Uma república onde seria possível dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Uma República que morreu no dia 31 de outubro de 2010."

domingo, 10 de outubro de 2010

O debate sobre a questão do aborto

O debate sobre a questão do aborto despontou na passagem do primeiro para o segundo turno nas eleições presidenciais. Como parte do auditório é religiosa, os candidatos têm se esforçado para não os desagradarem e perderem seus votos. Mas a questão é toda mal colocada.

Em primeiro lugar, os eleitores exigem dos candidatos ao Executivo pautas que serão enfrentadas principalmente no Legislativo. E vice-versa. Impressiona os candidatos a deputado se apresentarem como que construiu isso, trouxe verba para aquilo, coisas que não são a principal atividade de um parlamentar (legislar e fiscalizar).

Depois a hipocrisia do aborto em si. Praticado aos milhares em todo o Brasil, todos os dias. Quase nunca punido. Há alguns anos uma aluna do nosso curso fez pesquisa sobre processos criminais da Comarca cujo objeto fosse a prática de aborto. Em vinte anos, um ou outro caso. A comunidade não tem isso como pauta relevante na prática.

Me permitam uma nota pessoal. Outro dia fui surpreendido com a informação de que na casa onde me criei uma senhora praticava livremente o aborto para interessadas. Muitos amigos me ligaram, relatando o ocorrido, na minha casa vendida há 15 anos. Quantos não sabem de outros lugares assim?

A sociedade civil precisa travar um debate de verdade sobre o tema, sem hipocrisia e sem pressão de grupos organizados. Que cada um acredite no que quiser, tudo bem. Querer impor suas crenças aos demais não é de acordo com a democracia de um Estado laico. Estado que tem que implementar suas política públicas com base nas leis e em discursos racionais.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Judiciário francês abre caminho para proibir véu


Da Folha de SP de hoje.

"O Conselho Constitucional da França, autoridade constitucional máxima do país, endossou ontem a polêmica lei que proíbe o uso do véu islâmico integral -como burca e niqab- em locais públicos.
A decisão abre caminho para a promulgação da lei, após ter sido aprovada no Parlamento no mês passado. A proibição deve entrar em vigor no segundo trimestre do ano que vem.

A lei prevê uma multa de 150 (R$ 348) a quem usar a burca, que cobre todo o corpo, ou o niqab, que deixa apenas os olhos à mostra, e outros 30 mil (R$ 69.700) e sentença de até um ano de prisão a quem obrigar a mulher a utilizá-los.
A França tem a maior população muçulmana da Europa ocidental, cerca de 5 milhões de pessoas. Embora não haja números oficiais, estimativas indicam que apenas 2.000 mulheres utilizam este tipo de véu no país.

Os defensores da lei, como o presidente Nicolas Sarkozy, afirmam que o véu é um símbolo de submissão da mulher e sua proibição, a defesa dos valores franceses de direitos humanos.
Os líderes muçulmanos alertam, contudo, que o veto ao véu pode estigmatizar a religião no país e dificilmente servirá para convencer as mulheres a desistirem dele, visto como símbolo de respeito ao islã e a seus maridos.
No começo do ano, quando a lei estava sendo debatida, o Conselho declarou que a medida poderia ser considerada inconstitucional.
Ontem, após revisar a lei, o órgão afirmou que a "proibição de esconder o rosto em público está conforme a Constituição" francesa.

MESQUITAS LIBERADAS
Para evitar polêmica, os redatores do projeto centraram a medida na proibição de esconder o rosto.
Em nenhum dos sete artigos são citados diretamente os dois tipos de véus.
O Conselho, contudo, faz a ressalva de que a medida não deveria ser aplicada em locais de culto.

"A proibição [...] não deve restringir o exercício da liberdade religiosa", declara o órgão. Sem se referir especificamente às mesquitas, ele sugeriu que tal proibição abriria espaço para questionamento legal.
Oponentes da lei falam em apelar à Corte Europeia dos Direitos Humanos, que poderia condenar a França por violar a liberdade de religião.

O debate sobre a burca já se espalhou pela Europa. Na Bélgica, um projeto similar foi aprovado no final de abril pela Câmara dos Deputados. A proibição é discutida ainda por legisladores na Espanha, Holanda e Suíça."

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Política como argumentação - III

Hoje fizemos o encontro de filosofia do direito para apresentação dos trabalhos dos grupos sobre política como argumentação. A ideia era analisar os discursos dos candidatos a partir de conceitos de teoria da argumentação, como "lugares comuns", "noção de presença", "petição de princípio", "auditório" etc. O debate foi muito interessante.

Uma das características comuns que saltou aos olhos foi que a maioria dos candidatos esconde seus vices e seus partidos políticos, a confirmar a máxima popular que as pessoas votam em pessoas e não em partidos. (aqui sempre tratamos de generalizações, por certo há pessoas que votam partidariamente, mas são minoria.). Somente o candidato ao governo do PV enfatiza seu partido, certamente por ser o candidato menor que o partido.

Quando vemos Marina Silva destacar também o PV, vemos que na verdade este partido conseguiu se apresentar como algo que agrega, penso que por dois motivos: (1) como o PV não governou nada importante nacionalmente, não tem o desgaste dos demais e (2) como a causa ecológica é transversal aos temas de classe, o PV apareceu realmente como um discurso novo.

A aluna Pathy destacou uma petição de princípio do candidato do PV ao governo de SC: ao dar ênfase á proposta de estações intermodais, o candidato deu presença a algo inenteligível, mormente considerando seu diminuto tempo de rádio e TV!

A aluna Elisabeth apontou algo que ainda não tinha ouvido, ao analisar o discurso de Serra: ao dar tanta presença (pela repetição) em sua atuação como ministro da saúde, Serra dirige discurso aos idosos, deixando os jovens livres para se identificar com a fala direta de Marina. Os jovens são a maior faixa etária nesta eleição. Considerando que ele começou a disputa acima de 40% e terminou o segundo turno com 32%, será fundamental que, para o segundo turno, haja mudanças no discurso, para atingir também os jovens (será a pauta conservadora (aborto etc) o caminho? Duvido).

O grande lugar comum da campanha é Lula. Começar argumento sem prestar reverência ao seu governo é petição de princípio. Quem não fez isso não passou de 1%. Serra chegou a se apresnetar como seu amigo no início da campanha e rapidamente o bolsa-esmola virou ação a ser valorizada e ampliada.

Semana que vem encerramos a atividade. Se alguem quiser acrescer algum comentário sobre algo que me escapou, fiquem à vontade, o espaço é democrático e plural.

CARLOS HEITOR CONY - Debate do segundo turno


Hoje na Folha

"DILMA - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. SERRA - Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
DILMA - Para sempre seja louvado! SERRA - Ave Maria, cheia de graça, o Senhor seja convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus!
DILMA - Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte, amém. SERRA - o Senhor é o meu o pastor...
DILMA - ... e nada me faltará. SERRA - Deixai vir a mim as criancinhas...
DILMA - ... e quem nunca pecou atire a primeira pedra. SERRA - Não só de pão vive o homem...
DILMA - De que vale ao homem possuir todo o mundo se vier a perder a sua alma? SERRA - Os últimos serão os primeiros...
DILMA - Eu sou o caminho, a verdade e a vida... SERRA - Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
DILMA - O meu reino é o da verdade e da justiça. SERRA - Verdadeiramente é digno e justo, racional e salutar, que, sempre e em todo o lugar, vos demos graças, oh Senhor Santo Pai, onipotente, eterno Deus!
DILMA - Porque quem não é contra nós, é por nós. SERRA - A minha casa será chamada por todas as nações de casa de oração. Mas vós a tendes feito covil de ladrões.
DILMA - Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro, vem e segue-me. SERRA - Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que coais um mosquito e engolis um camelo!
DILMA - Lançai sobre mim a vossa luz e a vossa verdade, para que elas me guiem e me conduzam ao vosso monte santo e a vossos tabernáculos! SERRA - Ai do mundo por causa dos escândalos; porque é necessário que venham escândalos, mas ai daquele por quem o escândalo vem.
"

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Universidade precisará ter 4 mestrados e 2 doutorados

da Folha de São Paulo de hoje.

"Nova exigência vai valer a partir de 2016

DE BRASÍLIA

A partir de 2016, universidades federais e particulares terão de ter ao menos dois cursos de doutorado e quatro de mestrado.
A medida está prevista em uma resolução do CNE (Conselho Nacional de Educação) homologada ontem pelo ministro da Educação, Fernando Haddad.
Caso não cumpram a regra, as atuais universidades serão reclassificadas como faculdades.

Ao contrário das universidades, essa categoria não tem autonomia para abrir novas vagas e cursos sem autorização do Ministério da Educação.
Estão sujeitas à norma do CNE as 86 universidades privadas e as 58 federais. As instituições estaduais e municipais não, uma vez que estão sob a jurisdição de outros conselhos.

INADEQUAÇÃO
Atualmente, cerca de metade das instituições privadas e federais não está adequada à nova exigência, de acordo com dados da Capes, órgão de fomento à pós-graduação vinculado ao governo federal.

Nesse grupo, há inclusive universidades federais. No entanto, essas instituições não poderão ser rebaixadas da categoria de universidade, uma vez que foram criadas por meio de lei, que não pode ser modificada por resolução do Conselho Nacional de Educação.

Sobre elas, a secretária de Educação Superior do ministério, Maria Paula Dallari Bucci, afirmou que na maioria dos casos trata-se de instituições criadas há pouco tempo, mas que todas irão se adequar.

Assim como as universidades particulares, elas terão que se adequar até 2016, prazo considerado suficiente pela secretária.
Além desse prazo final, há a previsão de que, em 2013, as instituições deverão contar ao menos com três mestrados e um doutorado.

QUALIDADE
Foi criada também uma nova exigência de qualidade para o setor. As universidades terão de ter nota de pelo menos 3, em uma escala de 1 a 5, no recredenciamento, avaliação periódica que ocorre após a criação da universidade.

Será utilizado como indicador o IGC (Índice Geral de Cursos), que leva em conta as notas dos alunos no Enade (exame aplicado aos universitários) e outros fatores como infraestrutura e titulação dos professores."

Meu comentário - A UNESC deverá conseguir cumprir este requisito (o Conselho estadual deve seguir a normativa), pois tem hoje 1 doutorado e três mestrados. Faltam mais 1 doutorado e 1 mestrado. Está aí mais uma oportunidade de a Reitoria pensar no mestrado que englobe a área de Direito, viável sob muitos aspectos.

Motivos estruturais de como funciona uma Universidade, para que ela serve e como ela é avaliada pelas autoridades educacionais, indicam o fato da necessidade de pessoas tituladas e com bom currículo estarem a frente nos postos de direção e devidamente inseridas nos núcleos docentes estruturantes. O resto é aventura, que leva a curto e médio prazo um projeto educacional para os conceitos inferiores. Professores e alunos responsáveis, pensem nisso, por favor.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sessão de leitura no STF - CONRADO HÜBNER MENDES


Hoje na Folha de São Paulo

"Mais de 14 horas foram gastas para que o Supremo Tribunal Federal decidisse sobre a constitucionalidade de um artigo da Lei da Ficha Limpa. Queríamos saber se essa norma seria aplicável ao processo eleitoral em curso.

A importância e a urgência do caso dispensam comentários.
O tribunal nos respondeu o seguinte: cinco ministros acham que sim, cinco acham que não. Como uma cadeira estava vaga, não houve como desempatar. Sem decisão, o caso foi arquivado.

Lembrei-me de bem-humorada passagem no final de um julgamento em maio de 2008 (ADI 3510, vídeo disponível no YouTube).
Entre risos de colegas, o ministro Eros Grau, minoria no julgamento, declarou: "Esse tribunal deu lições de serenidade hoje. (...) Aqui não há individualidade nenhuma, me considero integrado nesse todo (...)
Para mim não foi 6 a 5, para mim foi uma decisão do tribunal do qual eu faço parte, e não sou senão um pedaço desse tribunal".

Em seguida, o ministro Celso de Mello complementou: "O ministro Eros Grau tem toda razão quando diz que esse tribunal, considerado o princípio da colegialidade, há de proferir decisões como um todo orgânico. Aqui não há vencidos e não há vencedores. (...) Há apenas um debate legitimado pelo dissenso das ideias, ideias que foram expostas de maneira refletida, de maneira calma, de maneira tranquila".
São sintomas de esquizofrenia institucional, de cisão entre a realidade e a percepção da realidade. Posso estar errado no diagnóstico.
Sintomas, afinal, são só sintomas.

Talvez essas 14 horas tenham sido gastas num profundo debate, no qual, após intensa troca de argumentos e um esforço sincero para digerir as posições em jogo, cada ministro, apesar de tentar, não se convenceu. Preferiu abraçar-se a seu voto, que, a propósito, trouxe pronto do seu gabinete.

Na minha opinião, não foi isso o que vimos. Fomos expostos a 14 horas de uma sonolenta sessão de leitura. Era o texto escrito, não o ministro, que participava daquela sessão. Construímos um tribunal no qual o encontro entre os juízes passou a ser a parte menos importante do seu processo decisório.
A sessão pública preserva um ritual, mas raramente altera o julgamento. Tem sido quase irrelevante.

Como, pelo que sabemos, os ministros tampouco se encontram em privado para discutir os casos, o que nos resta é ouvir a leitura desta colcha de retalhos, soma de 11 (nesse caso, de dez) pedaços mal costurados. Efeito dessa curiosa colegialidade à brasileira. Enxergar nisso uma "decisão orgânica" soa como licença poética.
A cadeira vaga expôs uma ferida aberta há anos no Tribunal. Não se espera que uma corte, numa sociedade pluralista, alcance o consenso. O desacordo pode mostrar a vitalidade da discussão e a complexidade do tema.

Em muitas cortes do mundo, votos vencidos são evidências da qualidade da deliberação, não o contrário. São bem-vindos para o arejamento da argumentação jurídica.
A pluralidade de votos do STF, porém, indica fenômeno diverso.
Enraizou-se, ali, um excessivo apego à autoria individual e um desinteresse em produzir votos coletivos.

A boa técnica judicial pede, no entanto, desapego. Situações extremas podem resultar num impasse.
O que vimos nesse caso não foi uma situação extrema, mas cotidiana. Por azar, não havia ninguém para desempatar.

Tamanha irracionalidade se naturalizou no dia a dia da Casa. Ao contrário do que se disse, o STF é também responsável pelo impasse.
O tribunal precisa repensar seu modo de decidir. "De maneira refletida, de maneira calma, de maneira tranquila."

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Depois do primeiro turno - BR



Vai haver segundo turno. Dilma, em primeira disputa eleitoral, ficou em primeiro lugar entre os postulantes. Serra fez menos votos que Alckmin em 2006 (1º turno). Marina cumpriu seu papel, de levar a disputa ao segundo turno.

Tenho um vinho apostado com Vladimir que Marina apoiará Serra. na verdade, o mais provável é que ela não se exponha tanto (pensando em 2014), mas que o PV vai de Serra, alguém duvida? É só observar como o PV esteve no primeiro turno, de braços dados com DEM e PSDB. Não se trata de escolha pessoal, mas de relações de poder que já se consolidaram. Em todo caso, pago o vinho com gosto se ela apoiar a Dilma!

Dilma e Serra são os candidatos mais sem carisma dos últimos tempos. O segundo turno deve favorecer um reposicionamento de imagem e de campanha, incluindo aí o discurso de cada um. Quem fizer isso melhor aumenta suas chances. Mas, campanha tem discurs, mas não é só discurso e a situação em vários aspectos é favorável á candidata governista.

Que a pauta seja preenchida com debates sobre visoes de mundo e propostas de governo. Que não se venha com falso moralismo, não retrocedamos todos para ganhar os votos evangélicos: ninguém tem o direito de impor seus valores aos demais.

Incrível ver como o voto é uma coisa, em muitos casos, aleatória. Muitas pessoas decidem seu voto minutos antes de chegar na seção eleitoral. Incrível como o destino do país é decidido sem o devido peso da responsabilidade. Outros, sem noção de como funcionam as instituições, votam no partido A para o executivo e no partido contra-A para o Legislativo, o que é uma verdadeira sabotagem política!

Mas, aos trancos e barrancos, o país avança. Temos para o segundo turno, dois candidatos preparados para governar o país, em coligações de partidos que tem tamanho e história para dar conta do recado (não era o caso de Marina, me perdoem os ingênuos). Dois candidatos que combateram a ditadura, mais importante. Estamos avançando.

Depois do primeiro turno - SC


Foi-se o primeiro turno. Em SC a eleição findou aqui mesmo. O DEM, partido que diminui a cada eleição em todo país, no Estado dos Bornhausen segue colhendo vitórias. JKB está de parabéns, pois obteve êxito político, desta vez em parceria com LHS. A ironia é lembrar que LHS se elegeu em 2002 com a missão declarada de acabar com as oligarquias em SC. Vê-se que foi discurso de ocasião. O DEM não elegeria um governador sozinho.

Mas, isto é passado. LHS é o grande vitorioso desta eleição. Elegeu governador, dois senadores, seu partido fez boa bancada.

Pavan é o maior derrotado. Largou 4 anos de senado para concorrer ao governo, foi alvo de fogo amigo no caso Arrows e sequer foi sócio da vitória da situação nesta eleição.

Ângela deve estar lamentando. A estratégia do PP levou a uma grande derrota. Não falo aqui de declarar apoio à Dilma, pois a candidata de Lula perdeu em SC, como Lula perdeu em 2006 para Alckmin. O PP não tinha pernas para uma eleição deste porte. O PDT não somou nada além so símbolo de não estar isolado na disputa. Continuo pensando que o melhor para o PP era ter indicado Ponticelli para vice de Ideli, um Amin para o senado e outro para a Câmara. Se perdesse o governo, restaria o senado. O PP diminuiu muito com estas opções feitas e executadas.

Ideli fez o que pôde. SC é estado conservador. PT ganhar aqui ainda demora um pouco. Até quando Lula veio a SC a coisa não foi boa, pois hoje, com o resultado das urnas, vemos que defender a extirpação do DEM (em Joinville) foi petição de princípio, já que a maioria queria Raimundo Colombo e Dilma afinal perdeu em SC.

Raimundo Colombo é nosso Governador, isto é fato. Resta torcer para que faça um bom governo. E para que possa significar uma renovação na direita catarinense, que possa ajudar a construir uma direita democrática que Sc e o país precisam com urgência. Para isto, necessário que ele se consolide como força autônoma ao clã dos Bornhausen. Não conheço de perto as relaçõe sde força no ex-PFL/SC. Estarei sonhando demais? A ver.

sábado, 2 de outubro de 2010

Censo 2010


Outro dia o Ruy Castro escreveu na Folha que em sua vida toda (deve ter passado dos 60, imagino), nunca foi recenseado pelo IBGE.

Eu, por outro lado, devo ter sido objeto do humor da Fortuna, pois já tive três contatos com os contadores de gente. Duas vezes pelo recenseador, um ex-aluno de nome Vinicius, que bateu duas vezes em minha porta e, por felicidade, me encontrou em casa nas duas oportunidades. Ontem foi a supervisora, revendo o trabalho do Vinicius.

Há muita lenda sobre o Censo. Muitos são os que repetem Ruy, desacreditando a contagem decenal feita em todos os países do mundo. Como participei do Censo de 1991, como supervisor, vi como o processo funciona por dentro e sei de sua seriedade. O resto é mito.