São Fco.

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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Conseguiram!

* foto de péssimo gosto publicada pela folha de São Paulo ainda no primeiro mandato. Nossos meios de comunicação de maior abrangência nunca esconderam em seu discurso direto ou subliminar sua posição em relação ao governo petista e seus principais líderes, Lula e Dilma. Sobre Lula há uma manchete de tão péssimo gosto como esta fotografia, na mesma Folha: "Lula está com câncer, MAS tem cura". Nunca vou esquecer...

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Melancólico fim do ciclo do petismo no poder federal

Lendo os jornais de hoje, a notícia que mais me chama a atenção - por seu teor decisivo - é a rejeição da direção nacional do PT em apoiar a proposta de Dilma Rousseff de realizar um plebiscito caso volte ao governo. Se o próprio partido da presidente afastada age assim, a sinalização mais do que clara é de que Dilma já foi descartada até mesmo por seu próprio partido.

O plebiscito era sim uma boa ideia. O processo de exclusão do PT do governo federal foi um processo complexo, que envolveu uma articulação entre a mídia dominante, o MPF e setores importantes do Poder Judiciário. Este processo por enquanto está a entronizar Michel Temer na presidência da República, mas é evidente que a divisão do butim levará os "unidos contra o PT" à divisão dentro de suas fileiras. Não está assim tão longe do horizonte de possibilidades uma rasteira em Temer para a eleição indireta, ano que vem, de alguém mais consistente na defesa dos interesses deste processo político (cujos interesses de fundo são tão claros).

O plebiscito teria sido uma movimentação no sentido de fortalecer a soberania popular e inseriria um fator inovador no processo que transcorreu tão suavemente para os golpistas. Dilma estar do outro lado do tabuleiro favoreceu muito aos que a queriam fora do Planalto. Ela tem uma visão burocrática do exercício do poder, faltando-lhe o tirocínio para os tempos de tormenta. À Dilma falta a completa noção da importância do tempo na política, noção que não faltou aos seus algozes no Judiciário e no MP (exemplo maior, dentre tantos, foi a suspensão de Eduardo Cunha no tempo "certo").

Mas o plebiscito sugerido agora  já não faz o menor sentido. Neste processo, grande decepção vem também do partido de Dilma, o PT. O PT, a grande construção política do processo de redemocratização, vem demonstrando uma visão política muito aquém dos desafios a que foi submetido. De partido orgânico e complexo que era na fundação, sua experiência no poder só parece ter-lhe feito muito mal. Esta desautorização pública de Dilma evidencia sua (do PT) visão míope de todo o processo, pois está repetindo a posição de muitos que, em 1964, acreditaram que a ruptura institucional somente prejudicaria Jango, aumentando as possibilidades de êxito de cada um para a eleição de 1965.

O PT não parece trabalhar com a hipótese de repetir-se 1965, ou seja, de que as eleições de 2018 possam (1) ser efetivamente suspensas ou, mais provável nos tempos atuais, (2) possam ser realizadas em moldes adulterados sob medida para o não retorno da esquerda ao poder (vejam agora as regras eleitorais que impedem os candidatos de partidos pequenos de participarem de debates. Todos sabem e o STF já sinalizou positivamente: basta aprovar o semipresidencialismo). Descrendo da ferocidade do golpe e supervalorizando (mitificando) sua principal liderança - Lula - o partido caminha com suas próprias pernas para a irrelevância política. Não precisava ser assim.

É tão difícil assim para a liderança do PT compreender que quem promove um processo antidemocrático destas proporções e consequências não o terá feito para logo ali na frente devolver o poder novamente à esquerda?

O que mais me choca é a paralisia que a liderança de esquerda petista produziu no seu campo político em todos estes anos. Um grande contingente da população brasileira poderia ter sido inserido como peça importante neste processo político, mas a liderança do governo, Dilma, mas também Lula e o PT, em suas ações somente produziram inação e perplexidade.

As consequências já se fazem sentir: um imenso retrocesso que atingirá toda a sociedade que começava a dar seus primeiros passos num caminho de inclusão e igualdade social.