São Fco.

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Costa Concórdia e estupro no BBB12




Os navios de cruzeiro são gigantes. Os navios de cruzeiro são dotados da mais avançada tecnologia existente. Seu tamanho e demais características tornam-nos aos nossos olhos máquinas inexpugnáveis. Mas os fatos recentes mostraram que mesmo um colosso pode naufragar quando falta juízo a quem comanda.

Não assisto à TV aberta. Quando assisto TV, o faço sempre consciente de que TV é apenas entretenimento, podendo ser educativa muito raramente. Mas há bons entretenimentos e maus entretenimentos. BBB é péssimo entretenimento para mim. Por isso não o assisto. Mas foi impossível não saber que talvez tenha acontecido algo grave no estúdio (aquilo não é uma "casa", é um estúdio) onde é realizado o programa.

Minha primeira reação quando soube do ocorrido foi me negar a ser massa de manobra da manipulação dos meios de comunicação: estas pessoas são capazes de tudo para alavancar uma audiência, inclusive de simular um crime. Mas o rapaz foi expulso, a polícia bateu no estúdio e a coisa ficou mais séria.

A explicação da Globo foi a seguinte: não ocorreu nada (tá...), o que ocorreu (como assim?!?) foi com o consentimento dos dois "brothers" (há uma insinuação incestuosa aí, FREUD?) e (somente) Fulano foi expulso por conduta indevida!

É claro que não se pode exigir dos expectadores deste tipo de programa, que sustenta sua altíssima audiência e lucros num apelo permanente ao exercício das nossas mais baixas pulsões, que queiram entender toda a ilogicidade contida na declaração final da rede Globo.

Foi mais uma manipulação grosseira da Rede Globo. Sua história está recheada de episódios deste tipo. Esconder a campanha pelas diretas em 1984 e manipular o debate final em 1989 são os casos mais famosos. A articulação com outros meios de comunicação para fazer política conservadora cotidiana e camufladamente em seus jornais é o feijão com arroz. O uso do cachimbo entorta a boca, diz o velho ditado.

Como o ser humano é o que é, a coisa vai passar. Ao contrário do comandante Schettino, que acertou uma pedra em cheio, os diretores da Globo conseguiram apenas "tirar um fino" da tragédia organizacional. Sem arrombar o casco, "La nave vá", com mais audiência voyerista e com uma certa ressaca moral de ter passado dos limites, logo curável com a grana que entra independentemente de considerações éticas ingênuas.

As coisas já devem estar se ajeitando. Num mundo onde o que importa é a grana, até mesmo passar por estuprador em rede nacional pode virar uma oportunidade de fazer negócios. O pai já disse estar orgulhoso da filha. O malfadado programa vai dar ao público sua oportunidade de exercer - com inescondível prazer - seu falso moralismo, votando pela exclusão da não violada consentida num plebiscito redentor. São uns caras-de-pau! Todos.

Mas, que a globo olhe para a foto acima e lembre que ninguém é inexpugnável. Ninguém.

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