São Fco.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Lenta, mas consistentemente, a direita brasileira sai do armário
Um dos maiores problemas políticos que a democracia brasileira vivencia nos dias de hoje, na minha opinião, é a falta da explicitação do antagonismo político. A democracia necessita deste antagonismo, afirma Chantal Mouffe. Serra perdeu a eleição para Dilma, mas o grave para o país foi que a campanha por ele conduzida não produziu um discurso alternativo aos que estão no poder.
O papel de formulador deste posicionamento de oposição ao governo federal foi delegado - na prática - pelos partidos conservadores à grande mídia, permanecendo os partidos de direita em silêncio que constrange a democracia brasileira. A fundação do PSD acentuou esta tendência de adesismo desavergonhado ao governo federal.
Mas as ações recentes registradas em São Paulo mostram algo que pode ser uma novidade política. São Paulo, governada pelo PSDB há muitos anos, parece querer assumir explicitamente a linha "lei e ordem" em primeiro lugar. Polícia no movimento estudantil da USP, polícia na cracolândia e agora polícia na desocupação violenta em São José dos Campos.
É evidente que pessoalmente repilo a tradição conservadora autoritária brasileira de tratar os movimentos sociais e as questões sociais de modo geral como exclusivamente um caso de polícia. Mas é certo que com estas ações o governo paulista busca se reconectar com os setores da população que aplaudem esta visão, o que significa um aumento na possibilidade de distinguirmos os projetos políticos em jogo no Brasil atual.
Mouffe fala que quando todos os projetos políticos parecem indistintos numa dada sociedade democrática, é a própria democracia que fica posta em risco de ser extinta. As atitudes do governo de São Paulo ajudam a entender que existe um Brasil que é a favor do diálogo e da emancipação humana, enquanto persiste um Brasil do "prendo e arrebento".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Serão aceitos comentários de todas as posições ideológicas, desde que sejam feitas sem agressões ou termos chulos.