São Fco.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
LHS e seu legado político
Depois de oito anos de governo, importante refletir sobre o que foram os anos LHS. Na minha opinião, tratou-se de um governo que tinha algumas idéias-força claras, e que foram postas em prática.
Penso que na cabeça do nosso ex-governador os conceitos mais fortes giravam em torno da descentralização e da valorização da autonomia local. As SDR não foram apenas um “cabide” que ajudaram a acomodar a elite política que se viu docemente cooptada por LHS: elas eram consentâneas com sua visão de mundo.
É uma pena que o debate político em nosso Estado seja tão superficial, limitado quase a um colunismo social do “quem vai ser nomeado para tal cargo” ou “quem vai coligar com quem”. O máximo que se chega, quando se chega, é às páginas policiais, como ilustram as divulgadas peripécias do nosso atual governador (Santa Catarina não precisava chegar a tanto!).
Este gosto pelo local e aversão pelo nacional ficaram claras em várias ocasiões ou ações: 1) as SDR, novidade catarinense não copiada pelos demais estados (por quê?); 2) a legislação estadual própria para casas de jogos (corrigida pelo STF com e edição de uma súmula vinculante exclusiva), 3) um código ambiental catarinense, em muitos aspectos menos protetor do meio ambiente que a legislação federal; 4) a postura do ex-governador nas relações com outros países, realizada intensamente de modo explícito, às vezes parecendo que SC era independente de um governo central e, finalmente, 5) a postura de descumprimento da Constituição Federal no caso das defensorias públicas: SC continua sendo o único estado que não tem defensoria pública na forma da CF/88.
Identifico em LHS um conjunto de idéias claras. Isto é positivo, pois permite ao menos um debate mais racional. Minha admiração pára por aqui. Não compactuo do seu projeto. Num mundo cada vez mais global, sua valorização das autonomias locais beirou o anarquismo e tem sabor de um saudosismo retrógrado, tensionando e violando constantemente a idéia de federação.
Muitos gostam e repetem ad nauseam a frase: “as pessoas vivem na cidade”, como se este truísmo fosse justificativa para um autismo inconcebível. Vive-se na cidade, vive-se no Estado, vive-se no Brasil, vive-se na América latina e no mundo. Este raciocínio simplório nos levaria onde? Nem precisamos continuar.
LHS lidera as pesquisa para o senado. Trabalhou todo o tempo para viabilizar seu projeto político pessoal, qual seja, o de ter protagonismo nacional novamente (já foi ministro e presidente nacional de seu partido) e sabe que isso será possível apenas num governo Serra. Para atingir este objetivo, subalternizou o PMDB ao ponto de termos em nosso estado a situação excepcional de um candidato do DEM ser o favorito, segundo as pesquisas. Alguém se lembra de 2002, LHS tinha como mote o querer derrotar as oligarquias estaduais (Amim e JKB incluídos)!
Mas, as coisas não correm como ele esperava. Comparem as pesquisas de intenção de voto para o Senado em SC e outros estados. Não é difícil que o favorito suplante os 50% de intenções de voto (Em MG, Aécio tem 62% e Itamar 41%; no CE, Tasso tem 59%; no RS Rigotto – que era governador e nem foi para o segundo truno, lembram? - tem 41%, empatado com Paim; no PR, Requião tem 45%). LHS custa a chegar nos 30%. Deve ser duro, para quem ficou oito anos no governo e se queria aclamado. Aclamação que não houve nem no seu partido, o PMDB/SC.
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