São Fco.

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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

De USP's e UPP's




Os estudantes da USP, a maior e melhor conceituada universidade brasileira,invadiram o prédio da reitoria. Decisão judicial já lhes foi comunicada para que deixem o prédio. Eles, até o momento, informam que resistirão.

A principal contrariedade dos estudantes parece advir da decisão da instituição de recorrer a uma vigilância maior por parte da polícia militar estadual. Os estudantes reivindicam que a vigilância seja exercida rotineiramente pela vigilância interna, com seguranças contratados, não pertencentes aos quadros da polícia. O estopim da revolta foi a detenção de alguns estudantes que estavam consumindo maconha no campus.

Ora, ora. A universidade, como instituição, surgiu na Idade Média. Lá pelo século XII, em Bologna, por iniciativa e organização dos próprios estudantes. Na Idade Média vigorava um pluralismo político, que levava a um pluralismo jurídico. Eram várias as instâncias normativas e cada sujeito gozava de um estatuto jurídico próprio. Era o caso dos estudantes.

A reivindicação dos estudantes uspianos traz este sabor de tradição, na medida em que quer afirmar no território do campus uma outra juridicidade. Ocorre que os tempos são outros, tempos em que há mais de dois séculos se afirmou a retorica da igualdade burguesa, igualdade diante da lei, igualdade formal.

A demanda estudantil, tal como colocada no conflito instalado, cheira mais a uma luta por privilégio (a criação de uma zona livre para consumo (e venda, "por supuesto") de drogas) do que uma luta com caráter verdadeiramente emancipador. Esta situação não deve levar a lugar nenhum. Sabe por quê?

Porque, atendida a reivindicação dos estudantes, estaria escancarada a situação vigente socialmente no Brasil, que eu poderia aqui resumir e todos entenderão nesta brincadeira com siglas: USP pros ricos e remediados, UPP pros pobres. As instituições modernas não convivem bem com situações explicitadas.

Estou muito distante da USP, mas todo o quadro parece se agravar em grande medida pela figura do seu reitor. Rodas (foto acima), ex-coordenador do curso de direito, foi o segundo mais votado na eleição para reitor. José Serra, então governador, o conduziu - sem escândalo - à magnificência, quebrando uma tradição de 28 anos na universidade.

Carecedor de legitimidade democrática, parece um sujeito de pouco diálogo. Foi recentemente premiado como "persona non grata" pelo colegiado do seu curso de origem, em conflito aberto. Esta invasão tem tudo para não acabar bem.

Os estudantes estariam mais bem posicionados se estivessem lutando pela descriminalização das drogas (já tem o meu apoio e do FHC) e por uma atuação policial cidadã e respeitadora dos direitos humanos para todos os brasileiros, sejam eles frequentadores dos campi universitários ou das favelas do país.

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