São Fco.

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A Grécia e a democracia




A democracia, conceito contra o qual ninguém hoje ousa discordar em tese, é palavra grega e, mais que isso, invenção grega. Ela se funda em dois princípios fundamentais: isegoría e isonomia.

Isegoria é o direito de expor suas idéias num debate público. Isonomia é a igualdade na esfera pública. Na democracia vivenciamos a liberdade como autonomia, que significa que se é impossível viver sem restriçoes à nossa liberdade, para sermos livres na democracia esta liberdade só pode ser restringida com a nossa anuência.

Ontem o mundo se mostrou estarrecido pelo fato de o primeiro ministro da Grécia querer submeter os acordos feitos com os demais líderes da Europa a um plebiscito nacional. Na globonews ele foi tachado de louco e irresponsável. Ora, ora, não somos todos a favor da democracia? Por que não faz sentido perguntar para os que terão suas vidas afetadas pelo tal acordo se eles concordam e estão a fim de aceitar as consequências? Afinal, a conta será paga por aumento de idade mínima nas aposentadorias, corte de salários, aumento de impostos etc.

O desfecho desta história vai explicitar ao menos duas coisas: (1)como o mercado atua com uma lógica própria, para a qual a democracia pode ser um obstáculo a ser transposto sem problemas (como o foi no entreguerras do século passado) e (2)as reais intenções dos que estão em passeatas pelo mundo propondo uma reforma do capitalismo.

As passeatas têm sido importantes, mas para que servem se os canais da democracia liberal são usados para eleger sempre os mesmos ou pouco utilizados com abstenções sempre crescentes? Para a Grécia chegou um momento de a população mostrar realmente se tem coragem: votar em massa no plebiscito.

P.S.: o mercado atropelou o referendo. Deu a lógica. Do mercado.

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