São Fco.

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domingo, 10 de outubro de 2010

O debate sobre a questão do aborto

O debate sobre a questão do aborto despontou na passagem do primeiro para o segundo turno nas eleições presidenciais. Como parte do auditório é religiosa, os candidatos têm se esforçado para não os desagradarem e perderem seus votos. Mas a questão é toda mal colocada.

Em primeiro lugar, os eleitores exigem dos candidatos ao Executivo pautas que serão enfrentadas principalmente no Legislativo. E vice-versa. Impressiona os candidatos a deputado se apresentarem como que construiu isso, trouxe verba para aquilo, coisas que não são a principal atividade de um parlamentar (legislar e fiscalizar).

Depois a hipocrisia do aborto em si. Praticado aos milhares em todo o Brasil, todos os dias. Quase nunca punido. Há alguns anos uma aluna do nosso curso fez pesquisa sobre processos criminais da Comarca cujo objeto fosse a prática de aborto. Em vinte anos, um ou outro caso. A comunidade não tem isso como pauta relevante na prática.

Me permitam uma nota pessoal. Outro dia fui surpreendido com a informação de que na casa onde me criei uma senhora praticava livremente o aborto para interessadas. Muitos amigos me ligaram, relatando o ocorrido, na minha casa vendida há 15 anos. Quantos não sabem de outros lugares assim?

A sociedade civil precisa travar um debate de verdade sobre o tema, sem hipocrisia e sem pressão de grupos organizados. Que cada um acredite no que quiser, tudo bem. Querer impor suas crenças aos demais não é de acordo com a democracia de um Estado laico. Estado que tem que implementar suas política públicas com base nas leis e em discursos racionais.

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