Os próximos seis meses serão intensos no Brasil. Seremos todos bombardeados por fortes estratégias de propaganda eleitoral, com cada lado da disputa buscando realçar os defeitos do adversário e suas pretensas qualidades. Ninguém deve ser ingênuo, a comunicação numa campanha eleitoral deste porte é feita por profissionais e custa uma fortuna. Preocupa-me o fato de que os ataques de lado a lado possam fazer o cidadão perder a noção do quanto a democracia brasileira efetivamente avançou nos últimos anos.
A candidata do governo será rotulada como ex-terrorista, inexperiente na política, antipática, excessivamente dura, “poste” do Lula etc.
O candidato da oposição será rotulado de privatista, continuador do governo FHC (que não é bem avaliado pela maioria dos brasileiros), mau gestor, autoritário, antipático, aquele que vai acabar com o programa bolsa família etc.
Mas, em que pese ambos os candidatos com potencial eleitoral serem efetivamente não muito simpáticos e não carismáticos (o que antecipa uma campanha pra lá de estranha), descolemo-nos um pouco do imediatismo dos interesses em jogo e nos posicionemos numa visão de longo prazo. O que vemos? O quanto a democracia brasileira avançou.
A biografia dos três candidatos principais na disputa é esclarecedora: todos estiveram do lado certo durante a recente ditadura militar brasileira. Dilma combateu ativamente o regime militar. Serra foi presidente da UNE e teve que sair do país durante certo período. Não há na cabeça de chapa nenhum representante da direita autoritária (com quem cada um se junta é outra história...). E, tão importante quanto: os militares não jogam mais qualquer papel de relevo no processo sucessório.
No fundo, para o país, é isso o que mais importa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Serão aceitos comentários de todas as posições ideológicas, desde que sejam feitas sem agressões ou termos chulos.