São Fco.

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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Notas de uma campanha presidencial

No decorrer de uma campanha que vem tomando contornos decisivos um pouco cedo demais, tenho ouvido algumas afirmações que não se sustentam diante dos fatos. Vejamos.

Na corrida presidencial deste ano, a vitória de Dilma representaria uma mexicanização do Brasil, o PT como PRI. O PRI teve domínio amplo durante ao menos seis décadas. Estamos longe disso, ainda mais pelo fato de o PT não estar para ganhar em todos os Estados, como vemos em diversas situações (SP, MG, RJ, SC, PR). Em sua estratégia o PT optou, inclusive, por ceder a cabeça de chapa a aliados na maioria dos Estados.

A disputa deste ano não apresenta verdadeiras alternativas, todos querendo ser herdeiros de Lula, o que seria ruim para a democracia. Mais uma vez errado. Há diversos candidatos de esquerda que estão a apontar falhas do atual governo e, mais ainda, do próprio sistema econômico: PCO, PSTU, PCB, dentre outros. Porque eles não passam do traço nas pesquisas é uma outra conversa. O que falta, e aí não é responsabilidade do atual governo ou do PT, é uma oposição mais á direita, mais conservadora.

Na verdade, este é o verdadeiro problema que enfrentamos atualmente. As atuais eleições evidenciam que existe oposição eleitoral no Brasil, mas que a oposição política somente se apresenta a partir de partidos de esquerda, de baixa expressão eleitoral. Onde está (sem ironia) a direita?

Não consigo entender porque o PSDB e DEM não se colocam de uma maneira digna (do ponto de vista de uma oposição política mais conservadora). Os temas da direita, em que pese eu não concorde com a maioria deles, não são anátemas! Alguém tem que elaborar no nosso país o ideário liberal, propugnando e tentando mesmo fazer funcionar um modelo de Estado mais enxuto, com um mercado mais competitivo, formulando toda uma estrutura ideológica fundada na liberdade individual.

O que, na minha opinião, rebaixa mesmo PSDB e DEM é este oportunismo político, de, ao verem as pesquisas qualitativas, simplesmente jogarem ao mar suas bandeiras históricas, sua razão de existir. Serra querer enaltecer Lula foi apenas a cereja de um bolo que já estava estragando. Onde está FHC? Trata-se de um bom presidente que o país teve, deixou seu legado compatível com uma linha mais conservadora. Porque escondê-lo? FHC cometeu erros e ações nem tão louváveis, mas Lula também, como aliás qualquer “príncipe” que tenha tido êxito, no sentido de Maquiavel.

Critica-se um PT do passado, sempre do contra, mas esta direita deveria se mirar naquela atitude, sob pena de ser engolida por muitos anos. Mesmo quando a derrota era evidente, o PT nunca deixou de elaborar seu discurso, firmando-se como uma oposição política que, num dado momento de esgotamento das idéias conservadoras, apresentou-se como a esquerda viável.

Minhas conclusões: somos democracia, pois temos eleições com opções eleitorais claramente colocadas. Somos democracia, pois existem grupos mais à esquerda do atual governo defendendo seu projeto de maneira livre, configurando uma oposição não apenas eleitoral, mas política. Não há oposição conservadora, mas por responsabilidade única e exclusiva de PSDB e DEM. Que deixem de ficar se lamentando, pois uma democracia precisa de oposição atuante, fiscalizadora e propositiva. E que não seja golpista, bem entendido!

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