São Fco.

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tragédia (grega) na Copa



Com baixa média de gols por partida, esta copa do mundo não está a empolgar muito. A condução de Dunga, que enfatiza a disciplina e eficiência como antitéticas à beleza também não ajuda.

Mas, vendo a copa como um todo, e considerando o fato de que os treinadores estão mais em evidência que os craques, algo me chama a atenção.

Há um embate silencioso entre os dois técnicos das duas melhores seleções desta Copa. Estou falando do duelo entre Dunga e Maradona. Este combate representa muito bem o antagonismo universal entre o apolíneo e o dionisíaco.

Apolo e Dionísio (nenhuma referência a um antigo chefe meu ou a um tio que não vejo há anos!), deuses gregos que representavam, respectivamente, a razão e disciplina por um lado e a beleza, a celebração, a criatividade pelo outro.

Dunga está bem representado em Apolo. Uma era já levou seu nome: a "era Dunga" (1990), caracterizada por representar a aplicação, a disciplina, o futebol de força e resultados, numa clara oposição ao tempo em que Telê era técnico (1982 e 1986), quando se jogou bonito mas não se ganhou nada (em termos de copas).

Maradona representa Dionísio à altura. Primeiro como jogador, pois foi daqueles que contribuiu para elevar o futebol à condição de arte (Dunga só contribuiu para elevar a bola para arquibancada, com seus chutões pro mato característicos). Como pessoa, sabe-se que o portenho levou vida desregrada, dedicada a honrar Baco (outro nome de Dionísio).

Agora, como técnico "ad hoc", continua a representar Dionísio. Fuma charutos nos treinos, é bem humorado, liberou o sexo e chocolate na concentração, e, mais importante, quer um time que ganhe jogando bonito, como temos visto nas apresentações da Argentina.

Torço para que os dois times se encontrem na final. o que nos reservaria o destino, premiaria Apolo ou Dionísio? Eu já tenho minha preferência...

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