São Fco.

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domingo, 6 de junho de 2010

Trecho de artigo de João Moreira Salles na Folha de hoje

PESADELO Existem no Rio quatro universidades que oferecem cursos de cinema; no Brasil, são ao todo 28, segundo o Cadastro da Educação Superior do MEC. No ano passado, a PUC-Rio formou três físicos, dois matemáticos e 27 bacharéis em cinema.
Existem 128 cursos superiores de moda no Brasil. Em 2008, segundo o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], o país formou 1.114 físicos, 1.972 matemáticos e 2.066 modistas. Alimento o pesadelo de que, em alguns anos, os aviões não decolarão, mas todos nós seremos muito elegantes.

É evidente que um país pode ter documentaristas demais e físicos de menos. O Brasil já sofre uma carência de engenheiros. Segundo dados de um relatório do Iedi [Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial] entregue ao ministro da Educação, Fernando Haddad, a taxa de formação de engenheiros no Brasil é inferior à da China, da Índia e da Rússia, países emergentes com os quais competimos.

A Rússia forma 190 mil engenheiros por ano, a Índia, 220 mil e a China, 650 mil, diz o relatório. Nós formamos 47 mil. Os números da China são pouco confiáveis, mas outras comparações eliminam possíveis dúvidas. A Coreia do Sul, por exemplo, com 50 milhões de habitantes, forma 80 mil engenheiros por ano, 26% de todos os formandos.
Na China, a crer nas métricas, essa proporção chega a 40%. Em 2006, a taxa por aqui era de apenas 8%. Até o México, país com indicadores sociais semelhantes aos nossos, hoje possui 14% de seus formandos nessa área.

O artigo é longo, quem quiser acessar a íntegra: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/il0606201005.htm

MEU COMENTÁRIO - a reflexão do autor é pertinente. Pensando nos cursos jurídicos, que já são mais de 1100 em todo o país, parece que a expansão do ensino superior realizada nos últimos 15 anos foi feita por um viés equivocado. Provavelmente isto se deve ao fato de esta expansão ter se dado esmagadoramente no ensino superior privado, onde se privilegiou os interesses dos donos das Instituições de ensino (que buscaram o lucro fácil e direto), em detrimento da projeção do projeto de Nação que queremos para o Brasil. Uma alteração desse rumo só pode se dar com ensino público estatal e, em alguma medida, com as instituições comunitárias.

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